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Artigos de Opinião

Doce Catequese – Lembranças da Dona Jesuína

Hoje (03 Dezembro 2010), em Alcanede, despedimo-nos de uma doce Senhora que nos deixou neste nosso percurso de vida terrena…
Durante a cerimónia fúnebre, na Capela da Misericórdia, enquanto ouvia o cântico de entrada, denominado «Senhor, Quem Entrará?» recordei os tempos de criança quando frequentávamos a catequese, sendo a D. Jesuína a nossa querida catequista.

Vou contar-vos como invariavelmente decorriam os dias de Catequese:

Estes momentos de encontro eram sempre de grande alegria. A catequese começava logo em sua casa, quando lhe íamos lembrar que estava na hora da aula – não era necessário a catequista recomendar que não faltássemos, nós é que não queríamos por nada perder momentos tão preciosos!

Quase sempre tínhamos que aguardar que a D. Jesuína terminasse algum afazer doméstico, mas isso também não era problema, pois a sua casa era óptima para as nossas brincadeiras e lá, tudo estava ao nosso alcance. Conhecíamos os recantos deste lar, onde até havia um pequeno corredor interior com umas escadas ao fundo, tal e qual um túnel dos contos de histórias, por onde passávamos para a farmácia para dar os recados ao padrinho Manuel da Silva, seu esposo, que também nos recebia sempre com um bondoso sorriso.

Como vêem, a tarde já estava a ser bem passada e a catequese ainda não tinha começado… ou já teria?..Parece-me bem que sim…

Finalmente lá íamos todos para a Capela.

Sentados em seu redor ouvíamos a descrição da vida de Cristo, através de um rosto iluminado de amor pelo seu semelhante, sempre com um sorriso, aprendíamos a rezar, e, quando nos enganávamos, era sempre este sorriso terno e franco que nos corrigia, incentivando-nos a aprender. No final cantávamos sempre… E como cantava bem a Catequista!

Terminado o período da aula, acham que a catequese acabava? Não, não terminava. A seguir poderíamos sempre acompanhar a nossa Catequista até à sua horta, onde tirava o leite às vacas, tratava da horta e restantes animais, sempre com a nossa «supervisão». Era ponto assente que tínhamos de espreitar o que restava do túnel que, eventualmente, ligaria a Fonte ao Castelo e cuja entrada se encontrava no muro da horta!

No regresso, lembrávamo-nos então das recomendações das mães e de como nos tínhamos demorado. Corríamos para casa explicando que o atraso se devia à looooonga hora de catequese… Ninguém se zangava, pois os nossos pais sabiam e agradeciam a quem tão bem tratava os seus filhos.

Passaram-se tantos anos… hoje (03 de Dezembro), na Capela da Misericórdia, o Cântico teve tanto sentido:

«Senhor quem entrará
No Santuário para Te louvar?
– Quem tem as mãos limpas
Um coração puro
– Quem não é vaidoso
E sabe amar»

Helena Vieira

(em nome de todos os alunos da Dona Jesuína da Catequese)

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