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Artigos de Opinião

O Portal de Alcanede – uma ferramenta ao serviço da comunidade Alcanedense

A manchete do Jornal o Ribatejo, na sua edição nº 1281, de 21 de Maio de 2010, desafiava o leitor dizendo: “aceitam-se ideias para salvar o país”. Poderá um indivíduo com uma ideia salvar o país e tirá-lo de uma crise que vai para quase uma década? A questão poderá ser um pouco irónica, tal como afirma o director do Jornal, Joaquim Duarte, no editorial.

Mas, a história está repleta de inúmeros exemplos de indivíduos cujos ideais vingaram, gerando mudanças que alavancaram sociedades tirando-as da crise para conjunturas de robustez e pujança, estando hoje esses períodos assinalados como marcos da nossa história. Barack Obama é o mais recente exemplo disso mesmo. Com uma ascensão prodigiosa a mudança está hoje em curso nos Estados Unidos, “Yes we can”. Poderemos pois dizer que o desafio lançado na manchete do jornal não sendo coisa fácil, é possível.

A história diz-nos também que a mudança está muito associada a revoluções sociais motivadas por crises de vária ordem, isto porque a natureza do homem é feita de hábitos o que o torna adverso à mudança, daí que ela ocorra, na maior parte dos casos, só nas situações de limite. A mudança pode igualmente ser originada por revoluções científicas e tecnológicas, entre outras. É por isso que se diz: “os tempos de crise são igualmente tempos de oportunidades”. Significa isto que toda e qualquer ideia, por mais estapafúrdia que seja, pode vingar desde que as condições necessárias à sua aceitação e desenvolvimento estejam presentes para se tornar numa grande ideia. Depois fica apenas dependente do maior ou menor grau do seu sucesso, que determina a sua dimensão espacial e a sua velocidade de propagação.

Presentemente Portugal vive hoje uma conjuntura difícil. “Temos que mudar de vida e sobretudo de mentalidade” dizia Joaquim Duarte, no editorial da edição de O Ribatejo supra-citado. A mudança é, portanto, INEVITÁVEL !

Levando este assunto para a nossa dimensão, à escala do concelho e da nossa freguesia, verificamos que aquilo que se passa ao nível do país é em tudo semelhante ao que se passa ao nível local – a falência de um sistema que vivia muito acima das suas possibilidades e que agora está a ruir: são as autarquias, as empresas, o cooperativismo e o associativismo e nós próprios. Todos nós falhamos! Porque de alguma maneira contribuímos para que se chegasse a este ponto sem que tivéssemos mudado uma só palha para agora podermos estar em condições de pelo menos resistir à crise. Não tenhamos dúvidas, esta crise veio para ficar muito mais tempo do que aquilo que nos querem fazer crer e o futuro da nossa terra poderá estar comprometido!

Não é minha intenção ser pessimista ou tão pouco alarmista, mas se existem alturas em que é preciso parar para reflectirmos e vermos para onde nos levam os caminhos que temos andado a trilhar, este é um desses momentos.

É sabido que os tempos de crise ultrapassam-se com a união/coesão e alianças entre variados interesses, de modo a que resulte numa força com uma dimensão capaz de vencer as adversidades. Ora, a união/coesão consegue-se através do estreitamento e fortalecimento de relações, directas e indirectas, que geram confiança e credibilidade.

A Internet é um meio de comunicação poderosíssimo que revolucionou e continua a revolucionar o nosso tempo. Com ela o comum do cidadão tem ao seu dispor um meio onde, autonomamente, pode facilmente comunicar, assim como aceder ou partilhar informação numa escala nunca antes vista. As redes sociais, locais na Internet onde as pessoas se conhecem e partilham opiniões, são outra das funcionalidades que a Web hoje disponibiliza e que está muito em voga.

A Internet constitui, por isso, uma janela de oportunidade, para regiões, concelhos, freguesias, lugares e pessoas. De igual modo, pode constituir uma ameaça quando não incorporada no nosso modo de vida. Não adianta resistir-lhe, pois isso é o mesmo que estarmos alheados do mundo, como que vivendo em subúrbios, onde o poder que determina o nosso futuro se avista mas está-nos totalmente vedado.

O Portal de Alcanede é, provavelmente, a melhor ideia que foi desenvolvida na freguesia de Alcanede nos últimos dez anos (para não dizer mais). Não tendo ainda sequer completado um ano já conta com 423552 páginas visitadas, 33897 visitas e 255 membros inscritos no fórum. Um palmarés invejável, quando comparado com qualquer outro projecto similar.

As potencialidades desta ferramenta para a freguesia já foram igualmente demonstradas em várias vertentes, como foi o caso da manifestação pelo repavimento e beneficiação da ER 361, na defesa do património construído, ou na divulgação dos eventos que ocorrem na freguesia, etc. O Portal de Alcanede dá voz a quem nele quer participar, mas pode ser muito mais do que isso, porque muitas outras vertentes estão ainda por explorar.

O Portal de Alcanede, não deve ser um “jornal” em formato digital onde as pessoas acedem para ver e ler notícias. É muito mais do que isso. Como qualquer projecto de comunicação é direccionado para as pessoas, no caso, para a comunidade alcanedense, presente e ausente, do espaço territorial da área da freguesia e, para vingar, precisa do envolvimento e da participação das pessoas que se identificam com esta ideia para alavancar a freguesia de Alcanede. Contra a crise. Não o fazer, é o mesmo que contribuir para o enfraquecimento desta poderosa ferramenta, que já deu provas. Como tudo o que desvanece pode desaparecer e é nessas alturas que nos lamentamos das nossas faltas. Só muito depois nos daremos conta do quanto esta nos poderia ser útil.

Não creio que tal possa acontecer a breve trecho porque a determinação dos irmãos Coelho continua inabalável e também já nos acostumaram a isso. Mas tenho muita pena que a comunidade alcanedense, ao fim de todo este tempo e com todas as provas já dadas, continue a “entrar neste espaço” como mero espectador.
Talvez devêssemos olhar bem para todas as instituições presentes em Alcanede e compreendermos que bem mais importante do que infraestruturas novas, são as pessoas certas nos lugares certos.

NOTA: No antigo site do Portal esta página foi lida 456 vezes

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