13 C
Alcanede
Quinta-feira ,25 Abril, 2024
Artigos de Opinião

Santa Bárbara e os Mineiros

A 4 de Dezembro é comemorado, em todo o mundo, o dia de Santa Bárbara, o que muita gente não sabe é que Santa Bárbara é a Padroeira do Mineiros. Numa época em que essa profissão se tornou de certa forma mediática devido ao sucedido no Chile, escrever este artigo é, de certa de forma, uma homenagem a todos os mineiros e à Santa que os protege.

santabarbara1Para compreender a devoção dos mineiros por Santa Bárbara importa entrar um pouco no conhecimento da história lendária. Sobre esta história existem numerosas versões, a mais difundida relata que Bárbara era uma jovem invulgarmente bela, filha de Dióscoro, homem rico e poderoso, adorador dos deuses grego-romanos. Este, desejando destinar sua filha a um bom casamento, que também constituísse para ele uma vantajosa aliança, e por ter de partir em viagem, encerrou-a numa torre. No seu isolamento, Bárbara terá entrado em profunda meditação, acabando por se converter à fé cristã, então seriamente proibida no país e já motivadora de perseguições.

Quando Dióscoro regressou da viagem, Bárbara informou seu pai que recusava qualquer casamento, pois já se tinha destinado a Jesus Cristo. Aquele, furioso, desembainhou a espada para a castigar, o que fez com que Bárbara fugisse. A jovem terá sido protegida por mineiros de Laurio que a esconderam na sua mina. Denunciada por um pastor, Bárbara terá sido entregue ao seu pai que a decapitou no dia 4 de Dezembro (dia de futuro dedicado à Santa). Continua a lenda que, entretanto, o céu escurecera, se tornara tempestuoso e que, quando Dióscoro encetou o regresso do monte, um raio o fulminou, reduzindo-o a cinzas. E assim, enquanto Bárbara terá subido ao Céu levada por anjos, Dióscoro terá descido ao Inferno para ser atormentado para sempre pelos demónios.

Conhecida a história da padroeira, interessa agora dar a conhecer um pouco daqueles que ela protege, os mineiros. Quem entra pela primeira vez numa mina e começa a descer centenas de metros abaixo da superfície, quando caminha pelos túneis escavados, sente o ar pesado e o “calor subterrâneo” de difícil descrição, quando a sombra invade as paredes escavadas, quando se olha para o tecto e se percebe que entre nós e a luz do dia há uma imensa distancia, nesse momento ou se odeia ou se ama, não existe meio termo. Ser mineiro é um destino, não uma escolha.

santabarbara2No nosso país  esta profissão é cada vez mais rara, porque raras começam a ser também as minas em exploração, muitas delas por falta de vontade, não de viabilidade. Existe no entanto uma que se mantém activa e que dá emprego à grande maioria dos nossos mineiros. A mina de cobre em Neves Corvo, no Alentejo.

Esta é uma das grandes minas de cobre, à escala mundial. Daqui extraem-se cerca de 8000 toneladas de minério de cobre por dia. Para isso trabalham cerca de 500 mineiros a cerca de 500 metros de profundidade.

O minério de cobre tem entre 2 e 5 % de cobre, sob a forma do mineral chamado calcopirite. Este mineral é separado dos restantes em instalações chamadas “lavarias” (o termo provêm de lavagem de minério). São instalações industriais, onde trabalham cerca de 250 pessoas. Só para “moer” o minério (necessário para o poder separar dos restantes minerais), são necessários moinhos, totalizando cerca de 8000 kW de potência (cerca de 12000 cavalos)! Dá para abastecer uma pequena vila!

santabarbara3A SOMINCOR , empresa que explora a mina, foi considerada a Empresa do Ano de Portugal de 2008. Actualmente com cerca de 800 trabalhadores (mais 700 empreiteiros), pertence ao grupo Lundin Minning, um dos maiores grupos mineiros mundiais.

Na nossa região não há minas, mas há pedreiras e os homens e mulheres que nelas trabalham, também fazem parte da família dos mineiros e por isso todos os que vivem do que o subsolo nos dá, devem também comemorar o dia de Santa Bárbara.

Fotos: Alexandre Felicio, Engenheiro de Minas em Neves Corvo.

Artigos Relacionados

Steve Jobs: ligar os pontos

Portal Alcanede

Assaltos… Até Quando?

Paulo Coelho

Tomáramos todos nós! A opinião de Idália Serrão

Portal Alcanede