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Sábado ,20 Abril, 2024
Artigos de Opinião

Hipotecar o futuro…

Tenho de voltar aqui à questão do PDM de Santarém que, como outros, está em fase de revisão. Uma revisão com 10 anos de atraso legal, o que também não é caso único.

Quero começar por dizer que estes meus comentários que se seguem resultam de um debate sobre o tema que a Câmara Municipal proporcionou com empresários do concelho e em que estive presente. Um de um conjunto que está a desenvolver. E essa iniciativa de abertura à sociedade civil é muito importante e meritória.

Esta revisão encontra-se agora na fase designada por “Revisão dos Estudos de Caracterização e Diagnóstico”. Foram equacionados 3 cenários iniciais, tendo-se chegado ao Cenário Resultante de onde supostamente irá emergir o rumo de Santarém pelo menos para os próximos 10 anos.

Permitam-me um parêntesis para dizer que todo este trabalho de revisão foi contratado em outsourcing por cerca de 55 000 €.

O trabalho elaborado relativo a esta fase tem 50 páginas, no seu essencial inócuas, repetitivas e com critérios abaixo de subjetivos. Perdoem-me os seus mentores, mas aquele é um documento de que eu me envergonharia de ser autor ou co-autor.

Para terem uma ideia, o tal Cenário Resultante tem o seguinte conteúdo: “Santarém, polaridade urbana e económica globalmente de nível regional, e com singularidades que lhe conferem afirmação nacional.” Conhecem alguma cidade para a qual este cenário não encaixe?

Mais dois exemplos justificativos da minha apreciação: os contributos das diferentes forças vivas do concelho, cuja escolha ali também é muito discutível (por exemplo, apesar da sua dimensão em diferentes aspetos, nenhuma entidade da freguesia de Alcanede foi referenciada), não foram obtidos por contacto direto mas sim por copypaste de estatutos e páginas de sites das diferentes entidades… Os contributos das forças políticas que concorreram às passadas eleições autárquicas no nosso concelho (foram referenciadas 5 das 6 concorrentes), foram obtidos por copypaste dos programas eleitorais e, pior, no caso do PSD o contributo foi sacado do discurso de tomada de posse do atual presidente de Câmara… Como sabem, fui candidato independente pelo “Mais Santarém” e, como tal, inteiramente conhecedor do seu programa; no entanto, não me consigo rever em quase nada das conclusões que ali por nós foram tiradas.

Tudo isto para concluir que, se continuamos a gastar o nosso dinheiro público com documentos palavrosos, para “inglês ver”, e cuja aplicação pode comprometer em muito o futuro, no referido caso de um concelho, noutros do país, vamos muito mal… É que o que se passa aqui por Santarém, mais não é do que um pequeno retrato do nosso país…

Francisco Mendes
 

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