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Sábado ,20 Abril, 2024
Sociedade

Experiência profissional ainda é fator de diferenciação positiva mais relevante na hora de contratar

A apresentação do “Estudo Necessidades Formativas e Emprego do Tecido Empresarial e Organizações de Economia Social do Concelho de Santarém” realizou-se, no passado dia 25 de maio. nas instalações da Junta de Freguesia de Alcanede.


“Das 188 entidades que colaboraram, 20 eram de Alcanede, sendo 2 de economia social”
, referiu a coordenadora do estudo, Maria João Santos.

O documento em causa procurou, “identificar e caraterizar as entidades empregadoras do concelho, assim como, as competências mais valorizadas, tendências de contratação e identificação das áreas de formação necessárias ao mercado de trabalho”, disse ao Portal de Alcanede.

No que diz respeito à metodologia para a constituição da amostra foram consultadas várias entidades como a NERSANT, a Câmara Municipal de Santarém através do Gabinete do Investidor e a Direção Geral de Finanças, tendo-se optado por uma base de dados, datada de 2009, produto do projeto Crescer Cidadão Iniciativa comunitária EQUAL – onde constam 3693 registos de entidades empregadoras no concelho.

“De acordo com o decidido em plano de ação, foi definido o número de 188, que corresponde a 5 % do universo das entidades empregadoras”, referiu Maria João Santos que sublinhou tratar-se de “uma amostra não probabilística, devido ao facto da seleção ser aleatória, ou seja, foram inquiridas as organizações que se mostraram recetivas à realização do questionário”.

No que diz respeito à caraterização das organizações inquiridas, a maior percentagem de entidades situam-se na União de Freguesias de S. Salvador, São Nicolau, Marvila e Santa Iria da Ribeira de Santarém, sobretudo ligadas ao Comércio e Serviços Não Públicos.

“Estas organizações, do ponto de vista estatístico, contam com uma estrutura reduzida em termos de recursos humanos (menos de 10 trabalhadores), que na sua maioria possuem idades compreendidas entre os 31 e os 40 anos. Este seria portanto, o retrato robot da maioria das organizações contempladas pelo estudo” admitiu.

Segundo a coordenadora no que concerne à formação profissional, de uma maneira geral a maioria das organizações afirmou realizar e/ou proporcionar ações de formação para o seus colaboradores. Apesar deste valor médio, uma em cada três entidades questionadas não a realiza.

“Uma das hipóteses explicativas para estes resultados está no facto destas entidades pertencerem ao grupo das microempresas, onde a obrigatoriedade de realizar anualmente 35 horas de formação não se aplica”.

Quanto à média de horas de formação profissional, o mais usual é serem ações de 35 horas, “um dado curioso é que a quantidade de organizações que ficam abaixo desta referência é praticamente semelhante ao das que pratica acima desta média”, ainda assim, Maria João santos, reconhece que “não foi encontrada uma substancial diferença entre a média de horas das ações de formação frequentadas pelos colaboradores das micro para as pequenas empresas, sendo ainda reduzida a mesma diferença para as consideradas como médias”.

No que concerne às áreas de formação profissional mais realizadas, identificaram-se as temáticas da Higiene e Segurança no Trabalho e Primeiros Socorros, seguindo-se da informática. A escolha destas áreas pode ser justificada pela imposição da legislação aplicável, “se por um lado parece haver uma atenção especial a esta condição, por outro as formações de caráter mais técnico, ligadas à atividade prestada, surgem de forma mais tímida, registando valores reduzidos”. O tratamento estatístico dos dados permitiu também “evidenciar a quase não existência da formação de caráter comportamental, apresentando apenas valores residuais”.

O estudo conclui ainda que de uma forma geral a maioria das organizações inquiridas optou por recorrer a empresas externas para organizar e lecionar as ações de formação profissional.

“Contudo, é necessário ter em conta a dimensão da organização, pois denota-se que, ainda que de forma ligeira, existe uma maior aposta na formação realizada internamente”.

Relativamente ao histórico das contratações, foi constatado que a grande maioria das entidades ouvidas admitiu novos trabalhadores, “ainda que se tivermos em conta uma análise mais micro, não o realizaram de forma sistemática, ou seja repetindo anualmente”, disse Maria João Santos.

O motivo de contratação para as organizações que realizaram novas admissões foi “o aumento de serviço”. Em termos micro, o ano de 2011 foi o que teve mais contratações de recursos humanos, existindo depois uma descida em 2012 “seguida de um ligeiríssimo aumento em 2013”.

A análise por setor de atividade, sugere que esta tendência ocorreu também no Comércio e Serviços Não Públicos, tal como nas IPSS. Os restantes CAE analisados, ou seja a Agricultura e Construção foram os que registaram menores contratações, havendo sempre um decréscimo ao longo do período em análise.

Estas contratações mostram simultaneamente uma tendência das principais funções contratadas, que de uma forma geral refletem não existir grande variabilidade das mesmas de ano para ano. “São, sobretudo, funções sem grandes requisitos técnicos geralmente associadas a baixas remunerações”, reconhece a coordenadora do estudo.

No que diz respeito aos métodos de recrutamento mais utilizados são evidenciados, o contacto direto e os currículos vitae que as organizações vão recebendo ao longo do tempo, muitas vezes através de candidaturas espontâneas.

 

“Se por um lado a primeira opção é interpretada como uma forma fidedigna de encontrar um candidato, pois merece o reconhecimento de alguém, a busca por currículos por si só poderá enunciar uma forma mais célere dum processo de recrutamento e seleção, pois não implica a criação e publicação de um anúncio de oferta de emprego, bem como a consequente triagem curricular”.

 

Em terceiro lugar aparece a utilização das medidas de empregabilidade disponíveis, “esta posição, por si só, pode indiciar uma desadequação da oferta/condições existentes ao mercado de trabalho ou eventualmente um desconhecimento por parte das organizações” alerta Maria João Santos.

“Por outro lado, as organizações parecem valorizar, aquando de um processo de admissão de um novo colaborador, a experiência profissional como o fator de diferenciação positiva mais relevante”.

 

No tocante às competências profissionais mais valorizadas, aquando da contratação (eventual) de novos colaboradores, é destacado a responsabilidade, iniciativa e comunicação a par da motivação e da autonomia.

“As competências como a adaptabilidade (embora não para as organizações ligadas à construção), atenção ao detalhe e liderança foram as mais preteridas, sendo que esta última nem sequer foi considerada por uma única IPSS. Outro dado com interesse é que a capacidade de criatividade também não é muito valorizada”.

O “Estudo Necessidades Formativas e Emprego do Tecido Empresarial e Organizações de Economia Social do Concelho de Santarém”, concluiu também que o perfil do colaborador ideal para as organizações inquiridas “seria alguém com um forte sentido de compromisso com a função, com um elevado grau de predisposição para atuar, sem que lhe seja dito, e com facilidade de comunicar”.

O menos valorizado em termos de perfil “é alguém com capacidade de liderar e persuadir para a concretização de objetivos, com uma especial atenção às especificações do trabalho, capaz de adaptar a novas situações ou lidar com problemas, bem como com baixa capacidade de procurar desenvolver e implementar novas soluções ou oportunidades de melhoria”, concluiu a coordenadora do estudo.

No tocante às competências técnicas, em termos globais, “a orientação para o cliente, o cumprimento de objetivos e a gestão dos prazos são as mais desejadas num novo colaborador”.

Contudo, no setor da agricultura nenhuma destas qualidades aparentam fazer sentido, onde se valoriza sobretudo a gestão dos prazos e a qualidade dos resultados, ou para as pequenas empresas e IPSS onde os conhecimentos técnicos e método de trabalho são mais importantes.

“Se atendermos às caraterísticas menos valorizadas, observamos que na globalidade, a produção e rentabilidade, os conhecimentos técnicos e a higiene e segurança no trabalho reúnem menos votos. Aliás esta última competência é apenas valorizada para as médias empresas. Outro dado interessante é que o setor da construção não privilegia a orientação do cliente”, reconhece, Maria João Santos.

Em relação às contratações futuras o documento evidencia um aumento de entidades a contratar e para mais funções, embora estas informações se traduzam numa previsão.

“Ainda assim, os perfis mantêm-se, são funções que não exigem grau técnico, onde o que mais se valoriza volta a ser a experiência profissional”.

O estudo apresentado em Alcanede constitui uma das atividades do Projeto “aCrescer”, no âmbito do Programa Contrato Local de Desenvolvimento Social Mais (Programa CLDS+), financiado pelo Fundo Social Europeu e pela Segurança Social.

O programa tem por finalidade promover a inclusão social dos cidadãos através de ações, a executar em parceria, que permitam contribuir para o aumento da empregabilidade, para o combate das situações críticas de pobreza, especialmente a infantil, da exclusão social em territórios vulneráveis, envelhecidos ou fortemente atingidos por calamidades, tendo igualmente especial atenção na concretização de medidas que promovam a inclusão ativa das pessoas com deficiência e incapacidade.

Na operacionalização do projeto “aCrescer” está uma parceria mais alargada constituída pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, IP, a APPACDM – Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão com Deficiência Mental de Santarém como Entidade Coordenadora Local da Parceria e como entidades locais executoras das Ações, a Associação para o Desenvolvimento Social e Comunitário de Santarém, a Cruz Vermelha Portuguesa – Centro Humanitário Santarém/ Cartaxo e a Santa Casa da Misericórdia de Santarém.

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