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Terça-feira ,16 Abril, 2024
Artigos de Opinião

Eu não admito – A opinião de Paulo Coelho

DD

Li recentemente num jornal da nossa região, uma entrevista da Senhora Diretora da Empresa Municipal Águas de Santarém e, mal olhei para o título, os meus olhos deixaram escapar (apesar do enorme esforço que fiz) algumas lágrimas, não me contive.

«Nunca olho para o problema sem de imediato procurar solução»
é o título da entrevista, e pensei… Isto deve ser terrível para a senhora!? Será que dorme? Como serão os seus pensamentos diários entre Cascais (onde reside) e Santarém com tanta situação por resolver? E será que no regresso ao lar a sua consciência vai tranquila?

Claro que sim, claro que vai, até porque as contas que a Dra. Marina Ladeiras paga de água, são em Cascais não são em Santarém.

Mas… e se lhe faltar durante 3, 4 ou 5 dias, consecutivamente, água em casa? A quem é que a “nossa diretora” vai pedir esclarecimentos? Será ao site da Águas de Cascais? Utilizará a senhora o serviço para falhas de abastecimento, hipoteticamente em funcionamento 24 horas por dia? (se calhar em Cascais funciona)! E ao fim-de-semana?

Sim, ao fim-de-semana também é preciso tomar banho, lavar os alimentos, dar de beber aos animais, regar as hortas, manter estabelecimentos comerciais, nomeadamente cafés e restaurantes, abertos. De que forma a “nossa diretora” procurará a solução para os problemas??
 

Tudo isto vem a propósito da falta de abastecimento de água que se verificou no passado fim-de-semana, por 3 ou 4 dias, nas zonas de Valverde e Pé da Pedreira. Situação que não é nova e que deixa perplexa a população, nomeadamente aquela que já viu selados pela ASAE depósitos de água… Água a sério (daquela que se pode beber), comprovadamente por análises.

Admito que a senhora diretora da referida empresa (paga com o dinheiro de todos nós), seja uma excelente profissional, dedicada, que trabalhe 10 ou 12 horas por dia (como refere na dita entrevista), mas tem pelo menos um problema. Não é correta para com os munícipes que a ajudam a “suportar” o seu ordenado mensal. Não é correta porque foge à sua obrigação que determina que, enquanto diretora de uma empresa ligada ao Estado, é “obrigada” a prestar esclarecimentos aos cidadãos, sem reclamar. No mínimo, pode e deve esclarecer as pessoas e defender-se, se for caso disso.

Num espaço de três anos (o tempo de existência do Portal de Alcanede), a responsável pela Águas de Santarém “fez orelhas moucas” a duas questões sensíveis que tocam à nossa freguesia, “refugiando-se” sempre no silêncio. É sempre mais confortável e, pelos vistos, é algo que se “pega” já que muitos (ir)responsáveis adoram este tipo de comportamento.

Em dezembro de 2010, Alcanede, por via de uma rutura de água existente no depósito situado na encosta do nosso Castelo (que libertou durante mais de TRÊS ANOS5143 litros de água POR HORA, não foi capaz de “dar a cara”. Percebe-se o motivo… A incompetência estava elevada ao mais alto nível.
 

A verdade é que ninguém (nem podem) desmentiu o Portal de Alcanede. Marina Ladeiras e Francisco Moita Flores (Presidente do Conselho de Administração da Águas de Santarém), nada disseram… nem podiam. Os factos eram evidentes.

Agora, confrontada com a falta de abastecimento de água à zona serrana da nossa freguesia, o que fez a senhora diretora? Uma vez mais, nada. Embora tenha resolvido com celeridade a questão do desperdício de mais de 45 MILHÕES de litros de água por ano em Alcanede, que na prática foram mais de 135 MILHÕES de litros. Muito obrigado senhora doutora, a população agradeceu… Acho eu?!
 

Na realidade também não vi a população de Alcanede (servida pelo depósito do Castelo) muito preocupada com o assunto! Se calhar, nessa altura (2010) as faturas eram mais “suaves”, pode ser que mudem de opinião em breve, e ainda o saneamento básico não está em funcionamento!

135 Milhões de litros de água daria para esta zona, abastecida pelo referido depósito, viver (sem pagar) durante alguns anos! Mas isso, não interessa nada. O que é que isso interessa?
Se calhar, sabendo disso mesmo, mais uma vez, Marina Ladeiras não respondeu a seis questões lançadas pelo Portal de Alcanede sobre a falta de água em Valverde e Pé da Pedreira. É algo que lhe “fica bem” e que me deixa ainda mais “comovido” ao ler a sua entrevista.
 

Para rematar, vamos imaginar que no passado fim-de-semana teria surgido um incêndio de grandes proporções nas zonas afetadas pela falta de água da rede. Como seria? Como fariam os nossos Bombeiros Voluntários? Estariam eles informados desta falta de abastecimento de água? Espero que sim, oxalá que sim.

Quando começarem a sentir, verdadeiramente, o aumento das tarifas da água na freguesia de Alcanede, à “pala” do saneamento, que ainda não existe, (e que está em atraso há mais de vinte anos), logo vão perceber quanto custa uma “gota” de silêncio!?

Não responder a uma pergunta, nem que seja de forma politicamente correta, significa uma tremenda falta de respeito para quem cumpre os seus deveres de cidadão.

Eu não admito, que quiser que o faça.

 

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