A cada hora que passa 5143 litros de água são perdidos em Alcanede.
O Portal de Alcanede foi recentemente alertado por um cidadão, que prefere manter o anonimato, para uma grande ruptura/fuga de água existente no depósito de Alcanede, situado na encosta do Castelo.
Depois de uma deslocação ao local podemos observar e confirmar “in loco” o drama. No exterior, junto à vedação, podia ser observado uma quantidade de água significativa que jorrava monte abaixo. Numa primeira instância, a vontade imediata foi de comunicar rapidamente o sucedido à entidade responsável pela rede pública de abastecimento de água, a Águas de Santarém – EM, S.A, no entanto, ocorreu-nos a possibilidade de que aquilo que vimos poderia tratar-se de uma situação normal ou pontual, uma vez que a água saía pelo descarregador, cuja função é mesmo essa. Quisemos ter mais certezas e decidimos fazer nova visita ao local acompanhados de alguém que nos pudesse auxiliar na avaliação do eventual problema. Convidámos Luís Ferreira, técnico com larga experiência de campo em ciências na área do ambiente e nosso colaborador, que se prontificou de imediato e a quem expressamos o nosso agradecimento.
A segunda visita confirmou os receios da primeira, ou seja, a ruptura/fuga de água mantinha-se activa e com as bombas em funcionamento quase contínuo. Desta vez, vínhamos munidos para quantificar o desperdício, tendo chegado a um valor aproximado de 5143 litros de água/hora, por defeito, uma vez que por toda a encosta (virada para o Centro Escolar) escorria água e só a parte central foi quantificada.
Outro aspecto que nos chamou a atenção foi a concentração e desenvolvimento de vegetação nesta parte da encosta que é superior à área envolvente, e que nos dificultou o acesso à água. Num olhar mais atento e identificando as espécies vegetais, verificámos que algumas como: o Choupo-negro (Popullus nigra), o Salgueiro-negro (Salix atrocinerea), o Salgueiro-chorão (Salix babylonica) e a Tabúa (Typha angustifolia) são indicadoras de uma disponibilidade hídrica elevada e regular, pois só nestas condições ali poderiam vingar. Assim, a conclusão é que esta ruptura/fuga de água do depósito de Alcanede não é uma situação pontual e decorre há anos. Outro aspecto que corrobora este facto é a presença de uma palete que serviu para transpor a vala criada pela água no percurso da última prova de BTT que ali ocorreu, em Setembro de 2007, por altura da I Expo-Alcanede.
Para que os leitores do Portal de Alcanede tenham uma ideia do valor que este desperdício de água potável representa, são 45 mil 051 m3/ano, e se considerarmos a capitação doméstica de água calculada para o continente de 169l/habitantes por dia, de acordo com os dados oficiais do Instituto da Água (INAG, 2009), é fácil concluir que este desperdício daria para abastecer de água uma população de 730 habitantes durante o ano inteiro, com os mais de 45 milhões de litros de água que “desaparecem” todos os anos do depósito de Alcanede.
Numa altura em que já se sabe que em 2011 a revisão do tarifário da Empresa Águas de Santarém – EM, SA vai aumentar para o consumidor 7,69%, estes milhões “deitados fora” são chocantes e, infelizmente deverão pecar por defeito, já que nos reportamos apenas há um ano.
O Portal de Alcanede comunicou ontem o assunto ao Presidente do Conselho de Administração da Águas de Santarém, Francisco Moita Flores que, à semelhança do que também fizemos, remeteu para a Directora Geral da empresa, Marina Ladeiras, esclarecimentos sobre a matéria.
Hoje, 7 de Dezembro de 2010 foi possível testemunharmos a movimentação de funcionários da empresa junto do depósito, mas até à hora de publicação deste artigo, ainda não obtivemos qualquer esclarecimento às questões por nós efectuadas.
Administração
Paulo Coelho
CarlosCoelho
