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Quarta-feira ,24 Abril, 2024
Artigos de Opinião

Discurso do Papa aos Artistas

No dia 21 de Novembro o Papa encontrou-se com artistas de todo o mundo. Proferiu um discurso de que transcrevo uma parte. O teólogo Hans Urs von Balthasar abre a sua grande obra intitulada «Glória. Uma estética teológica» com esta sugestiva expressão: “ A nossa palavra inicial chama-se beleza.bA beleza é a última palavra que o intelecto pensante pode ousar pronunciar, porque ela não faz outra coisa senão coroar, qual auréola de esplendor inalcançável, a dupla constelação da verdade e do bem e a sua indissolúvel relação”.

E acrescenta: “Essa é a beleza desinteressada, sem a qual o mundo antigo era incapaz de entender-se, mas que, insensivelmente, se viu dispensada do novo mundo, um mundo dos interesses, que a abandonou à sua cupidez e à sua tristeza. Essa é a beleza que já não é amada e guardada, nem sequer pela religião”. E conclui: “Quem, em seu nome, franze os lábios num sorriso, julgando-a um bibelô exótico de burguês, dessa pessoa pode estar-se seguro que – secreta ou abertamente – deixou de ser capaz de rezar e, em pouco tempo, deixará de ser capaz de amar”. O caminho da beleza conduz-nos, assim, a tomar o todo no fragmento, o Infinito no finito, Deus na história da humanidade.

Neste sentido, Simone Weil escrevia: “Em todo aquele que suscita em nós o sentimento puro e autêntico do belo, está realmente a presença de Deus. Há quase uma encarnação de Deus no mundo, de que a beleza é sinal. O belo é a prova experimental de que a encarnação é possível. Por isso, cada arte de primeira ordem é, por sua essência, religiosa”. A afirmação de Hermann Hesse é ainda mais incisiva: “A arte significa: mostrar Deus em cada coisa”.

Fazendo eco das palavras de Paulo VI, o Servo de Deus João Paulo II reafirmou o desejo da Igreja de renovar o diálogo e a colaboração com os artistas: “Para transmitir a mensagem confiada por Cristo, a Igreja precisa da arte” (Carta aos Artistas, n.º 12); mas perguntava imediatamente a seguir: “A arte precisa da Igreja?”, encorajando os artistas a encontrar na experiência religiosa, na revelação cristã e no “grande código” que é a Bíblia uma fonte de inspiração renovada e motivada.

Queridos artistas, aproximando-me da conclusão, também eu queria dirigir, como já o fez o meu predecessor, um apelo cordial, amigável e apaixonado. Vós sois os guardiães da beleza, vós tendes, graças ao vosso talento, a possibilidade de suscitar sonhos e esperanças, de ampliar os horizontes do conhecimento e do compromisso humano. Sejam gratos pelos dons recebidos e plenamente conscientes da grande responsabilidade de comunicar a beleza, de fazer comunicar na beleza e através da beleza! Sejam também, através da vossa arte, anunciadores e testemunhos de esperança para a humanidade! E não tenhais medo de vos relacionardes com a fonte primeira e última da beleza, de dialogar com os crentes, com aqueles que, como vós, se sentem peregrinos no mundo e na história rumo à Beleza infinita! A fé não tira nada ao vosso génio, à vossa arte; ao contrário, exalta-as e alimenta-as, anima-as a atravessar o limiar e a contemplar com olhos fascinados e comovidos a meta última e definitiva, o sol sem ocaso que ilumina e dá beleza ao presente.

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