Têm 54 anos. Está a presidir os destinos da Associação dos Amigos do Vale do Carro, Várzea e “Casais Limítrofes” desde 2007. Cumpre o seu 2º mandato e em altura de festa anual, falou ao Portal de Alcanede. António Oliveira acredita profundamente nesta associação nascida em 1978 e espera que a juventude dê seguimento ao trabalho desenvolvido.
Portal Alcanede (PA) – Durante todo este fim-de-semana vão decorrer os festejos anuais de Vale do Carro. Já lá vamos. Em primeiro lugar gostaríamos de saber qual o balanço que faz destes anos de existência da associação?
António Oliveira (A Oliveira) – São anos difíceis, principalmente nestes dias que antecedem as festas. Mobilizar a rapaziada para todo o trabalho que é preciso, nem sempre é fácil, mas a verdade é que chegamos ao dia da festa e tudo está feito graças à carolice destas pessoas. O que é pena é serem sempre os mesmos! Vamos ver se nunca se saturam. Infelizmente é um problema geral que atravessa grande parte das associações.
PA – Temos a noção de que a juventude é aqui muito participativa. É assim?
A Oliveira – É verdade. Nós pedimos ajuda à malta nova e comparecem. Mesmo a nível de raparigas (umas mais novas, outras de maior idade) desde as rifas à organização da quermesse e a toda a preparação de coisas que são necessárias, elas estão muito activas. O sector masculino é mais difícil. Estar aqui todos os dias à noite, bicas, cafés, estar aqui os Sábados e Domingos de serviço…Isso é mais complicado. Aqui tudo é feito em regime de voluntariado. Espero que a nossa associação nunca feche um dia por falta de pessoas com espírito de associativismo.
PA – Quantas pessoas fazem parte desta equipa da associação?
A Oliveira – A lista é grande e já inclui as raparigas que falei, também para as incentivar. Mas a fazer o serviço de balcão, limpezas e manutenção somos cerca de 28. Vamos rodando entre nós de forma a ser mais fácil para todos.
PA – Quais são as maiores dificuldades com que se debatem?
A Oliveira – A associação foi tornada realidade através de doações feitas por algumas pessoas. Um deu um bocado, outro deu outra parte, um dava tijolo, outro dava ferro e por aí a fora. Uma das maiores dificuldades prendeu-se com a legalização de todo este espaço. A C.M.S ajudou a que se instaurasse aqui o regime de Uso Capião (é quando após um período de uso, sem a reclamação do proprietário, o não proprietário ganha o direito de posse sobre a terra/casa/outra coisa).
O bar também foi legalizado, mas o problema é que só para finanças, escrita, etc… Vai a maior “fatia” do que aqui conseguimos apurar e que poderia e deveria ser gasto, por exemplo em melhoramentos. Estamos a falar de mais de 10 mil euros. Ainda recentemente, as finanças vieram cá e fizeram um levantamento da nossa associação como se fosse uma casa no Algarve ou em outra zona turística, aplicando estes valores extremamente complicados de gerir. È este tipo de coisas que desiludem toda esta rapaziada que anda aqui a dar o seu melhor.
PA – E de onde surgem os apoios?
A Oliveira – É a população que nos vai ajudando com o peditório anual (durante as festas). Temos aí alguns “bailaricos”, mas as entradas são grátis e a venda das bebidas e alguns sorteios que fazemos, não chegam para as despesas.
A C.M.S já apoiou em anos anteriores com um ou outro organista, mas este ano não surgiu rigorosamente nada, também derivado aos problemas que eles atravessam.
A Junta de Freguesia de Alcanede apoia com pequenas coisas que são necessárias durante o ano. Para a festa não participa muito, nem têm de participar. Sei que também há dificuldade em ajudar mais.
PA – A verdade é que independentemente de todas estas dificuldades, este ano vamos ter novamente festa e espera-se que este fim-de-semana todos os caminhos possam aqui dar…
A Oliveira – É verdade. Apesar de todas as contrariedades e sem grandes ajudas exteriores… Vamos ver o que sobra na próxima Terça-feira! Vamos ver o que sobra para a luz!!
PA – Estamos a sentir que está um bocadinho desiludido?!
A Oliveira – Um bocado. Diria mais cansado… e depois aquela falta de apoio que referi! O organista que abrilhantava a tarde num dia, outro na tarde de 2ª feira e lá íamos andando. Por exemplo, Domingo não teremos organista para a tarde, apenas à noite! Tudo isso são situações que nos deixam mágoa, mas não podemos gastar dinheiro.
PA – Apesar de tudo as entradas são gratuitas nestes festejos. Quais são os grandes destaques?
A Oliveira – Na 6ª feira a picaria e um grupo de rock para animar a malta mais nova (Cão Guru). Sábado, temos o peditório aqui pelo Vale do Carro, Várzea e os restantes casais com a presença de duas secções da Sociedade Filarmónica Alcanedense. O almoço é feito aqui por uma cozinheira da terra, as raparigas novas ajudam e ainda bem. Às 3 da tarde haverá missa e logo de seguida a actuação da Banda de Alcanede. Há noite, música com o grupo «Antecipação» que já cá vêm há 11 anos seguidos e são praticamente da “casa”.
No Domingo, teremos uma prova de motas pelas 15 horas (Prova Cronometrada por Volta em Vale do Carro: Motos/ Moto 4/ Mini-mota e 50 cm3) do Team Gasuras e que através destas iniciativas vão ajudando a capela de São Lourenço. Conseguiram um dinheiro para os bancos, já arranjaram uma parte para os sinos e brevemente, julgo haverá a totalidade do dinheiro para os sinos. À noite «Duo Pires».
Na 2ª feira, é dia de maior convívio para o pessoal daqui e que joga uma partidinha de futebol, bebe uns “canecos” e que se diverte. Tudo isto acompanhado com «Madeira Show» que a partir das 6 da tarde estará por cá até à noite.
PA – Gostava de deixar alguma mensagem especial aos que estão a ler esta entrevista?
A Oliveira – Todos os que andam envolvidos neste tipo de associações, colectividades… Não desanimem. É difícil, mas consegue-se. Há dificuldades em todo o lado mas é gratificante chegar ao último dia de festa com o dever de missão cumprida. Não desanimem e tentem cativar os mais novos, são eles que nos terão de substituir mais tarde.
PA – Em nome do Portal de Alcanede ficam os votos de grande sucesso para esta festa anual e para todas as vossas iniciativas. Obrigado pelas suas declarações…
A Oliveira – Obrigado nós também em nome da associação. Felicidades para o vosso trabalho.
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