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Alcanede
Quinta-feira ,25 Abril, 2024
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Alcanede Cruzamento

Alcanede sem cruzamento não era a mesma coisa, faltavam: as esquinas de observação de quem passa e não passa; ponto de encontro jornalístico dos fregueses; miradouros da saudade de quem vai deitado; galanteio das raparigas e das noivas. Cruzamento onde chegam muitas curvas: curvas dos que partiram e dos que chegaram, dos que se ergueram e dos que tombaram, dos anos passados e futuros, dos pequenos e dos grandes, dos que se encontram e desencontram, dos festejos e romarias, dos que partiram e moram eternamente ali, junto ao sobreiro.

Desde há muitos anos que a referência de Alcanede é o cruzamento, especialmente afirmado pelos aldeões (termo que muito me agrada nesta época de globalização). O castelo fica ocultado no cimo do monte, talvez pelo pinheiro, ou por outras sombras, convêm que não se fale muito dele, mas lá de cima vê muito bem como os filhos o tratam. Ele sabe que é um símbolo de liberdade, soberania, uma autoridade, aliás, que tal fazer lá a sede da Junta de Freguesia? Olhem que ter de ir ao Castelo aumentaria em muito a auto-estima e Alcanede veria mais alto. Efectivamente a quem passa pela Vila fica-lhe na memória o castelo e não o cruzamento. O castelo faz levantar a cabeça a todos, menos aos fregueses, porque estes têm um cruzamento baixinho para olhar. Depreendo que o cruzamento está entre a vida e a morte; de um lado a pia baptismal e do outro o eterno descanso ou talvez não, porque quando há muitos anos mudaram o cemitério da frente da Igreja o descanso acabou para muitos dos antepassados.

Américo Martins

Macharrio (Nado em Mata do Rei)

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