A Susana Horta tem mãos delicadas mas cheias de calos de fazer rodar a cadeira de rodas, e ainda assim as suas mãos são delicadas, não fosse ela uma mulher. Também no trato e na humildade e nas lágrimas que lhe escorrem do rosto.
A história da Susana é provavelmente igual a milhares de Susanas por este país… Um dia destes, como sempre fez desde que a doença lhe roubou a mobilidade, foi ao supermercado girando vezes sem conta a sua velha cadeira de rodas, carcomida de alguma ferrugem. O Fernando Lopes que há muito anda por França viu aquela mulher, também a braços com sacos, como se não lhe bastassem os calos.
O que lhe passou pela alma, agora sabemos, ligou ao Fernando Romão, Manuel Lebre e ao Fernando Xavier Lopes, todos eles com ligações a Alcanede mas em terras de França.
Nessa mesma noite, num jantar de amigos, deram independência e autonomia ao adquirir um carro elétrico para a Susana, e ela ficou grata, “do fundo do meu coração como vou eu agradecer?”, disse-me.
O assunto deixou-me a pensar, já vi a Susana tantas vezes e passei como se não fosse nada comigo, já vimos a Susana a passar e passámos como se não fosse nada connosco, como se não fosse nada com as instituições do nosso país…
É que o nosso tempo é precioso…
Meus amigos, obrigado pelo vosso gesto…