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Quinta-feira ,25 Abril, 2024
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Empresária de Valverde escreve “carta aberta” aos candidatos à Junta de Freguesia de Alcanede

A proprietária da mercearia “Mercadinho da Aldeia”, situada em Valverde, enviou ao Portal de Alcanede uma “carta aberta” dirigida aos candidatos à presidência da Junta de Freguesia de Alcanede que vão a sufrágio no domingo dia 26 de setembro de 2021.

No texto dirigido à classe política local, Sónia Vitório sugere o que considera serem algumas “soluções que podem ser desenvolvidas sem grande investimento de dinheiro, mas apenas investimento de tempo e dedicação“, lê-se no documento.

Entre outras opiniões, a empresária apela à criação de uma página online «Visite Alcanede» onde fosse possível “centralizar informação no que respeita ao turismo e lazer” na freguesia, mas também ao nível das atividades existentes no concelho de Santarém, lembrando que o site já existente da JFA poderia ser mais potenciado.

Sónia Vitório deixou à consideração do Portal de Alcanede a publicação, ou não, desta “carta aberta”, entretanto já partilhada pela própria no facebook, e que publicamos na íntegra.

Carta aberta de uma mera merceeira ao partido que for eleito à Junta de Freguesia de Alcanede

Exmos. senhores,

O meu nome é Sónia Vitório, sou de Valverde. Já faz três anos que estou a dar continuidade a parte do negócio dos meus pais, estando a explorar uma mercearia em Valverde à qual dei o nome de Mercadinho da Aldeia.

Eu, como cidadã da freguesia, gostaria de deixar aqui uma carta aberta ao partido que for eleito, sugerindo algumas soluções que podem ser desenvolvidas sem grande investimento de dinheiro, mas apenas investimento de tempo e dedicação.

Porém, é de salientar que todos os candidatos estiveram por aqui, ou no negócio vizinho, e não houve um único candidato que entrasse na minha mercearia. E na verdade, até tinha algumas ideias para sugerir. Isto fez-me ver que ainda existe alguma desvalorização face aos pequenos negócios, quando estes são fundamentais para a dinâmica de uma aldeia.

Apresento aqui algumas soluções exequíveis e que apenas precisam de dedicação e tempo em vez de investimento em dinheiro:

1 – Centralizar informação no que respeita ao turismo e lazer, por exemplo criando uma página «Visite Alcanede» no Facebook e Instagram e aí ter todo o tipo de informação: turismo, restaurantes, música, fotografia, desporto, lazer, bem como todo o tipo de actividades a decorrer na freguesia (mais tarde poderia eventualmente transformar-se num site). É fundamental chegar informação aos turistas e à população mais jovem.

2 – A maior lacuna na freguesia é o facto de a informação não chegar às pessoas. Basta ter um site da Junta de Freguesia activo, bem como uma página do Facebook activa (quase toda a gente usa). As redes sociais são cada vez mais um elo de ligação entre pessoas. Sei que a página e o site existem, mas não são efectivamente utilizados. Não só no que respeita à Junta, mas também no que respeita a actividades existentes no concelho.

Por exemplo, a Câmara disponibilizou vouchers de 10€ à população do Concelho e fui eu quem teve de intervir pedindo à ACES e a Câmara de Santarém para disponibilizar vouchers para as respectivas freguesias, de modo a que chegasse efectivamente a toda a população do Concelho e não apenas à cidade. Reclamei por algo que acho que devia ser informação pública, mas que nunca foi devidamente divulgado. Se houvesse informação centralizada numa página ou site, toda esta informação podia lá ter sido partilhada.

3 – Criar actividades entre localidades para gerar movimentação de pessoas, criando parcerias entre negócios da região, por exemplo:

Criando caminhadas em diversas localidades durante a temporada de Verão. Por exemplo, uma parceria entre uma empresa de desporto na freguesia e as associações das localidades, que podem pagar à pessoa responsável do desporto e a associação verá algum tipo de rentabilidade. A maioria das associações já tem rotas delineadas. (Tomem como exemplo do Tok’andar em Porto de Mós – cada ano faz caminhadas em diversas localidades, divulgando-as, promovendo o Concelho e trazendo dinâmica às localidades).

4 – Criar turismo de experiências e de natureza aqui na freguesia.

Esta simples actividade que é uma caminhada, além de promover a saúde, pode ser um exemplo de turismo de natureza, pois pode também estar associada a vários alojamentos locais ou outros pequenos negócios. Informados atempadamente, os empreendedores podem promover os seus negócios e trazer mais pessoas à caminhada – vêm passar um fim de semana e fazem uma caminhada naquele sítio, pernoitam, vão ao restaurante…. etc, etc, etc.

Turismo sustentável – Plogging (caminhadas em que as pessoas levam saco e recolhem o lixo que encontram).

Conhecer como funciona uma pedreira, como é feita a calçada, como são partidas as lages, caminhadas, parcerias com empresas agrícolas, como funciona o lagar do azeite, como funciona uma ervanária, apanhar azeitona, downhill, passeio de jipe, passeio de mota pela região. Falar com empresas que estejam abertas a este tipo de turismo. É uma outra fonte de rendimento que não interfere muito com o trabalho do dia-a-dia.

Eu indico mais actividades e negócios daqui da minha região, pois são os que conheço. Mas dói muito que a parte do PNSAC que respeita ao Concelho de Santarém esteja ao abandono (nem um mapa há – podia até ser online).

5 – Dar uso aos recursos que temos e  promovê-los, de modo a torná-los rentáveis.

Intervir na promoção de determinados pontos turísticos que foram largados ao abandono, nomeadamente, as Grutas do Algar do Pena e a área das Pegadas de dinossauros, a Ponte Romana ou o Castelo de Alcanede. Não há necessidade de criar panfletos caríssimos. Claro que fazem falta, mas há outras formas de contornar a situação, nomeadamente através das redes sociais, disponibilizando informação de horários de funcionamento e marcações. Informação centralizada na tal página do Facebook «Visite Alcanede».

Actividades que englobem pontos turísticos da região: exemplo concertos em capelas. Temos tantos músicos bons na freguesia.

Potenciar o turismo de experiência e de natureza, que tanto pode ser para pedreiras, calçada, lages, artesãos, agricultura e outros ofícios que há pela região, como trilhos, caminhadas e rotas pedestres – basta disponibilizar o mapa online no site.

Turismo religioso – o Caminho para Fátima (e Caminho de Santiago) – podia e devia haver uma rota de ligação a esses caminhos. Há um Caminho marcado até Alcobertas e Casais Monizes, mas depois na parte correspondente ao Concelho de Santarém não há nada. É só preciso delimitar a rota e levar um spray azul (e amarelo para o Caminho de Santiago) para efectivamente fazer as setas. Criar um dia e mobilizar a população a ajudar a demarcar o local.

Dinamizar as infra-estruturas que existem. Há pessoas que vão propositadamente jogar padel a Santarém, quando há um em Alcanede um campo de padel e ninguém sabe da existência dele. Uma vez que ele existe, é dever da entidade responsável pelo mesmo (que creio ser a Junta) dinamizá-lo e rentabilizá-lo. Pode ser uma grande mais-valia para a região, se for devidamente promovido. De que serve esse campo, se ninguém souber que ele existe. Não só os jovens, mas também empresas e vários alojamentos locais, outros também podiam beneficiar disso. Ele podia ser rentabilizado. Empresas podiam fazer dias lúdicos, usando essa infra-estrutura, ou podia ter parcerias dando anualmente vouchers de desconto para uma utilização a cada um dos empregados (por exemplo) – essa pessoa nunca vai sozinha, leva sempre um colega; e depois vão ao café… Parcerias ou descontos também para alojamentos locais, para que levem lá os seus clientes.

De que serve uma casa se ela não tem lá ninguém.

6 – É preciso unificar negócios, criando parcerias.

7 – Criar uma associação de artesãos.

8 – Promover a música da nossa região. Temos músicos excepcionais na freguesia e os seus trabalhos não são divulgados. Na página «Visite Alcanede» podia estar essa informação. As Bandas Filarmónicas fazem concertos e nunca sabemos onde vão, mas se a informação estivesse centralizada, seria muito mais fácil.

Claro que há muita obra que devia ser feita, mas para podermos manter cá os cidadãos também é muito importante haver actividades que nos permitam rentabilizar e dinamizar os nossos negócios. No meu ponto de vista, mais do que criar novas infra-estruturas e novas coisas, devemos ter a possibilidade de usufruir do que está feito. Para tal é necessário unificar pessoas, criar e divulgar actividades. Centralizar informação!!!!

Isto vale para qualquer partido!!

E não custa muito, apenas tempo e dedicação.

Sozinhos não somos nada. De que serve o meu negócio aqui, uma simples mercearia, se os turistas ou pessoal de trabalho, chegam ao Casal Vale Ventos e viram para o Arrimal, ou passam por Alcanede (sem parar) e vão para Alcanena. Sei que o Turismo não pode ser a única fonte de rendimento, mas a sua inexistência também não é rentável.

Boa sorte a todos!!

Atentamente,

Sónia Vitório

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