O convento de S. Francisco em Santarém encheu, no passado dia 19 de novembro, para apreciar o concerto da Sociedade Filarmónica de Alcanede numa homenagem aos compositores escalabitanos, Joaquim Luís Gomes, José Santos Rosa e Samuel Pascoal.
“Estar ao lado de nomes tão conceituados, que pertencem e uma geração de ouro da música no nosso país, fez-me sentir lisonjeado e reconhecido”, disse ao Portal de Alcanede, Samuel Pascoal, salientando “a homenagem maior vai para a música escrita e interpretada no concelho de Santarém”.
O maestro e compositor natural da freguesia de Gançaria, reconheceu que não há nada melhor para quem compõe, que ouvir a sua música ao vivo bem executada e interpretada.
“São momentos como este que me motivam a escrever para este tipo de agrupamentos”. As Bandas Filarmónicas “são grupos com imenso potencial artístico devido à riqueza de timbres e à complexidade e multiplicidade de instrumentos e pessoas que as integram”.
Na perspetiva do homenageado, a riqueza das bandas filarmónicas contrasta muitas vezes em qualidade com uma Orquestra Sinfónica, “há muito que foi provado que são capazes de exibir tanta ou maior qualidade”.
A emoção também tomou conta do maestro, Santos Rosa. O compositor, atualmente com 84 anos, mostrou-se surpreendido pela banda ter tantos componentes e os mais variados instrumentos, “não é costume na maioria das filarmónicas”.
“Achei tudo agradável, gostei muito, muito, da interpretação do rapaz que tocou o meu concerto de clarinete (Variações Fadísticas para Clarinete e Banda) ”, reconheceu.
“Os verdadeiros compositores já nascem com aquele condão, não há nada a empurrar a gente para fazer, isto ou aquilo, as coisas surgem com naturalidade, às vezes quando menos se espera” frisou o conceituado compositor para justificar a sua vasta obra musical.
E o futuro das Bandas Filarmónicas? Aqui as opiniões divergem em compositores de distintas gerações, para Santos Rosa, o futuro não é risonho, “Pernes que era a terra da música, tinha duas bandas, agora não tem nenhuma, nem ponta por onde se lhe pegue”, desabafou.
“Desde que tenham e invistam numa escola de música, o futuro destas instituições estará assegurado, mas é preciso também que as pessoas se envolvam com as Bandas Filarmónicas” referiu Samuel Pascoal.
”Há muitas formas de o fazer, seja nos seus quadros diretivos, seja como músicos ou apenas como público interessado e ávido de cultura e música de qualidade” sublinhou, o compositor e maestro.
“As Bandas Filarmónicas trabalham para a sua comunidade e a sua satisfação vem do apoio e reconhecimento que essa mesma comunidade lhe atribui”, disse.
O concerto “Santarém – 3 Compositores, 1 homenagem” realizado no Convento de S. Francisco, integrou-se no ciclo de Música promovido pelo Centro Cultural Regional de Santarém, apoiado pelo Programa de Apoio aos Agentes Culturais da Câmara Municipal de Santarém.