A presidente da Junta de Alcanede, Cristina Neves, reconheceu em entrevista ao Portal de Alcanede, a necessidade da construção de um pavilhão multiusos e questiona, sem recursos financeiros para essa obra, como é que fazemos? Suspendemos a Expo por 10 anos? No balanço da X edição da mostra empresarial e gastronómica, a autarca deixou claro que a duração do evento poderia ter mais um ou dois dias, mas nem dirigentes associativos, nem empresas mostraram grande abertura para implementar a ideia.
PA – Qual é o balanço da X ExpoAlcanede?
Cristina Neves – O balanço é positivo, e muito reconfortante tanto para o Executivo da JFA como para a nossa equipa de trabalho. Apesar de algumas ausências, a adesão foi notória tanto ao nível dos expositores como ao nível das associações e instituições.
PA – Que aspetos gostaria de destacar?
Cristina Neves – A confiança… pela inquestionável presença e colaboração de quem acredita no Executivo da JFA e continua a acompanhar a Expo Alcanede nas suas edições, tanto do lado empresarial como do lado institucional e associativo. É igualmente importante realçar o empreendedorismo da nova geração de jovens empresários da nossa Freguesia que escolheram o nosso certame para se apresentarem pela primeira vez ao público; César Morais de Alcanede (tetos falsos e pladur), Mushrooms Moutain (cogumelos) dos irmãos Bruno e Fábio Belchior de Valverde, e ainda Marco Neto Carvalho do Alqueidão do Mato com a sua simpática roulotte de frutas e sumos naturais.
Esperamos que o Seminário “Incentivos às Empresa e ao Empreendedorismo” promovido pelo NERSANT, igualmente estreante no nosso evento e a quem agradecemos pela parceria, tenha sido fonte de inspiração e incentivo para toda a plateia, e em especial para os jovens presentes.
Contámos com a participação de duas freguesias vizinhas registando a presença do Agrupamento 1073 da Gançaria do CNE e ainda com o Grupo de Dadores de Sangue de Abrã.
No que diz respeito ao associativismo, demos as boas-vindas a três associações que participaram pela primeira vez com restaurantes e bar, Associação Recreativa e Cultural do Prado, Associação de Pais e Encarregados de Educação de Alcanede e Abrã e Associação Cultural Desportiva e Recreativa Mosteirense.
PA – Na sua perspetiva o que deve ser feito para melhorar o certame e captar mais empresas?
Cristina Neves – Despertar nas mesmas de uma forma mais assertiva, um maior sentido social de comunidade local e regional. É disto que se trata.
A ExpoAlcanede não é propriamente uma feira empresarial onde “as empresas façam negócio”, para tal sabemos o esforço que muitas fazem quando se deslocam para feiras específicas tanto nacionais como internacionais em busca de novos mercados.
O nosso evento é uma mostra empresarial sem dúvida, mas reveste-se de uma outra missão: apresentar num espaço comum a quem nos visita, quem somos, o que produzimos, quais os nossos serviços e comércio, o que nos diferencia, nos une e nos torna na maior freguesia e zona industrializada do concelho de Santarém. Este evento é o ponto de encontro dos vários setores de atividade da nossa região, e procura acima de tudo mostrar o lugar que ocupamos na economia local, regional e nacional e as sinergias que a mesmo gera.
PA – Como entende o compromisso da Câmara Municipal de Santarém no que diz respeito ao patrocínio?
Cristina Neves – Exatamente como um compromisso de apoio financeiro à criação das condições para a realização desta mostra ao nível do aluguer dos equipamentos, num sinal justo e devido de apoio aos Empresários da nossa Freguesia e Região, de modo a permitir que a JFA consiga assegurar a organização deste evento único no Concelho de Santarém. Destaque também para o patrocínio das empresas Águas de Santarém e Filstone e para o PA media partner.
PA – Isso significa que vamos ter Expo com uma periodicidade anual?
Cristina Neves – A periodicidade ainda não está decidida, irá naturalmente depender da conjugação de vários aspetos, um dos quais como já foi sobejamente exposto por este Executivo, o da sustentabilidade face às disponibilidades e compromissos financeiros da JFA.
PA – Algumas opiniões reforçam a ideia de que a ExpoAlcanede deveria prolongar-se por mais dias, isso seria possível?
Cristina Neves – Apesar do alargamento do certame implicar mais despesa, sempre estivemos disponíveis para tal e sempre o propusemos antecipadamente em reunião de forma consecutiva e recorrente às Associações, para que a Mostra Gastronómica começasse um ou dois dias mais cedo, mas na verdade a nossa proposta nunca foi aceite, assente na falta de disponibilidade e sobrecarga de trabalho dos dirigentes.
Por outro lado, muitos dos nossos parceiros expositores do sector da pedra e afins, algumas empresas e até a Assimagra que os representa, sempre apresentaram algumas dificuldades em articular o nosso evento com a Feira de Verona que decorre em Itália quase em simultâneo com a nossa, motivo que as leva a não participarem na ExpoAlcanede. No entanto, se a maioria dos intervenientes estiver comprovadamente interessada em assumir mais dias de certame, julgo que a organização terá todo o interesse e disponibilidade em implementá-la.
PA – Uma Expo com instalações próprias que também pudessem servir outras necessidades, é por ai que se deve caminhar?
Cristina Neves – Sim, claramente. Ouvimos isso com frequência e o Executivo da JFA sabe isso melhor do que ninguém; a dispensa do aluguer das tendas, seria a primeira garantia absoluta da continuidade da Expo, e embora continuassem a existir inúmeras despesas inerentes, tudo seria mais fácil e exequível. É muito frequente ouvirmos: ” 10 anos de tendas já teriam dado para fazer um pavilhão multiusos, e continua-se a gastar dinheiro nas tendas para desaparecerem ao fim de 3 dias para todos os anos se recomeçar do zero”! É verdade, bem verdade.
Mas aí ficamos diante da complexa temática do ovo e da galinha…quem nasceu primeiro? Uma Expo sem pavilhão? ou um pavilhão sem Expo? se ela não tivesse nascido, haveria necessidade do pavilhão? se já houvesse um pavilhão, teria nascido a Expo? É claro que a necessidade de um pavilhão existe há mais de 10 anos, e obviamente serviria certamente para outros fins, mas sem recursos financeiros para essa obra, como é que fazemos?
Suspendemos a Expo nos próximos 10 anos para construir o pavilhão?
E assim sendo, será que a ExpoAlcanede sobrevive?
O ideal seria obviamente termos o melhor dos dois mundos, mas para já e infelizmente, não é isso que acontece.
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