Estamos a poucos dias de mais um acto eleitoral, uma liberdade que como sabemos a maioria desperdiça, basta pensar na palavra abstenção. Entendo, que a maioria dos analistas passa despercebido para este fenómeno, que não sendo de agora se instalou de pedra e cal. Quase sempre sobram uma palavras de circunstância do género, “o povo está descontente”, ou ” é uma penalização dos eleitores”, ao óbvio o que é do óbvio. Na parafernália de partidos e movimentos, passando pelas candidaturas independentes há uma série de opções e ideias, de tal modo, que o eleitor mais tradicional sob o ponto de vista ideológico entra numa espiral de desespero, isto só não se aplica aos partidos e movimentos mais “radicais”.
Como se não bastasse quase sempre pecam por exagero nas promessas, o que não deixa de ser um factor de descredibilização, “quando a esmola é muita o pobre desconfia”. A verdade é que a abstenção provavelmente ainda não foi merecedora de um verdadeiro estudo sociológico, onde a questão essencial com o devido respeito e ironia à parte deve ser esta: onde estão os eleitores deste país em dia de eleições? E porque não votam?
Sem ter a pretensão de desvendar este mistério deixo algumas razões que eventualmente pesam na hora de votar, sobretudo nas legislativas e autárquicas.
Se responder afirmativamente a pelo menos metade das interrogações, então está na lista dos potenciais abstencionistas.
– Elegeu uma série de deputados a quem nunca mais pôs a vista em cima?
– Consegue saber quantos requerimentos ou perguntas foram feitas na assembleia da república na legislatura anterior?
– Tem a certeza que a maioria dos deputados que elegeu é intelectualmente válido?
– Consegue dizer pelo menos o nome de 4 deputados que ajudou a eleger?
– Quantas vezes vieram à sua terra?
– Lembra-se, de pelo menos de meia dúzia de questões essenciais que o motivaram a ir às urnas?
– Quer construir uma casinha e o PDM não permite?
– Acha que um partido é assim como que uma espécie de clube de futebol?
– Passaram a vida a buzinar à sua porta durante a campanha com slogans vote aqui ou vote acolá?
– Teve encontros de forma recorrente com algumas arruadas?
– Abraçaram-no com veemência e beijaram-no sem necessidade nenhuma?
– Os direitos de antena em rádios e televisões eram repetidos?
– Sente-se seguro?
– Foi multado numa placa de 60 e vinha a 80?
– Ouviu vários debates e não ficou esclarecido?
– As propinas do seu filho subiram?
– Os impostos não baixaram?
– A Fábrica onde trabalha já fechou?
– Não foi aumentado mesmo tendo em conta a sua produtividade?
– Passa por necessidades?
– Pagou a renda o mês passado?
No caso de ter preenchido os requisitos do potencial abstencionista, sugiro que reformule a atitude. Não tanto porque votar é um direito cívico, mas sobretudo por se tratar de um direito conquistado, tem sempre outro encanto.
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